A afirmação de que o processo de formação dos professores não prescinde do investimento constante em atualização pode parecer um truísmo, mas isto ainda não foi plenamente assimilado por todos os sujeitos que fazem do processo ensino-aprendizagem. Por força da vigência de um modelo educacional que privilegia a transmissão automática dos conteúdos, que Paulo Freire chamou de “educação bancária”, ainda nos deparamos com a resistência de professores, alunos e outros agentes educativos em rever idéias e comportamentos arraigados.
A comodidade, para os acomodados, de ter que fazer apenas ligeiros ajustes nos conteúdos a serem trabalhados, além da “economia de tempo” com pesquisa de novas práticas e idéias, faz com que um esforço quase que hercúleo tenha que ser feito para modificar as concepções ultrapassadas sobre o processo educativo e sobre o papel do professor neste processo. E isto repercute inclusive na postura do professor que se encontra engajado em atividade de formação. Para ilustrar, cito um momento presencial de um curso à distância que faço atualmente, em que um dos professores presentes, ao perceber a discussão sobre a realidade social brasileira, interrompeu a fala de uma colega alegando que aquela discussão não estava dentro do que foi programado. Naquele momento, me perguntei como seria aquele professor em sala de aula, pois uma associação simples e óbvia (pelos menos é o que deveria ser) entre o contexto socioeconômico brasileiro e a realidade educacional para ele parecia sem sentido e inoportuna.
Acostumados a lidar apenas com “o conteúdo da disciplina” e reproduzir somente o que diz respeito à sua área de conhecimento, os professores muitas vezes agem como aqueles que olham, mas não vêem. Assim, se repete a velha farsa do “professor fazer de conta que ensina e o aluno fazer de conta que aprende”.
Vários fatores são apontados como responsáveis pela má situação em que se encontra a educação brasileira, sendo a falta de recursos materiais e financeiros o mais recorrente. Ao me encontrar fazendo uma pesquisa em que se buscou levantar os fatores que, em escolas com estruturas físicas precárias e professores com baixos salários, levavam ao sucesso dos alunos numa avaliação feita nacionalmente, pude perceber que é necessário, mais do que nunca, uma mudança urgente no modo como os sujeitos envolvidos se relacionam no processo educativo, pois ficou claro que o compromisso e a responsabilidade com o fazer antecedem qualquer outro aspecto.
O vínculo necessário entre ensino e pesquisa, neste contexto de falta de compreensão acerca do papel do professor e da importância do processo educativo, torna-se algo distante da realidade. O papel crucial da formação continuada dos professores se destaca justamente pela existência deste quadro, em que a ênfase deve ser deslocada dos conteúdos para as posturas frente ao trabalho com os mesmos em contingentes humanos que são tão variados quanto variada é a humanidade.
© 2006 Zelinda Barros. Reprodução permitida, desde que citada a fonte.
A comodidade, para os acomodados, de ter que fazer apenas ligeiros ajustes nos conteúdos a serem trabalhados, além da “economia de tempo” com pesquisa de novas práticas e idéias, faz com que um esforço quase que hercúleo tenha que ser feito para modificar as concepções ultrapassadas sobre o processo educativo e sobre o papel do professor neste processo. E isto repercute inclusive na postura do professor que se encontra engajado em atividade de formação. Para ilustrar, cito um momento presencial de um curso à distância que faço atualmente, em que um dos professores presentes, ao perceber a discussão sobre a realidade social brasileira, interrompeu a fala de uma colega alegando que aquela discussão não estava dentro do que foi programado. Naquele momento, me perguntei como seria aquele professor em sala de aula, pois uma associação simples e óbvia (pelos menos é o que deveria ser) entre o contexto socioeconômico brasileiro e a realidade educacional para ele parecia sem sentido e inoportuna.
Acostumados a lidar apenas com “o conteúdo da disciplina” e reproduzir somente o que diz respeito à sua área de conhecimento, os professores muitas vezes agem como aqueles que olham, mas não vêem. Assim, se repete a velha farsa do “professor fazer de conta que ensina e o aluno fazer de conta que aprende”.
Vários fatores são apontados como responsáveis pela má situação em que se encontra a educação brasileira, sendo a falta de recursos materiais e financeiros o mais recorrente. Ao me encontrar fazendo uma pesquisa em que se buscou levantar os fatores que, em escolas com estruturas físicas precárias e professores com baixos salários, levavam ao sucesso dos alunos numa avaliação feita nacionalmente, pude perceber que é necessário, mais do que nunca, uma mudança urgente no modo como os sujeitos envolvidos se relacionam no processo educativo, pois ficou claro que o compromisso e a responsabilidade com o fazer antecedem qualquer outro aspecto.
O vínculo necessário entre ensino e pesquisa, neste contexto de falta de compreensão acerca do papel do professor e da importância do processo educativo, torna-se algo distante da realidade. O papel crucial da formação continuada dos professores se destaca justamente pela existência deste quadro, em que a ênfase deve ser deslocada dos conteúdos para as posturas frente ao trabalho com os mesmos em contingentes humanos que são tão variados quanto variada é a humanidade.
© 2006 Zelinda Barros. Reprodução permitida, desde que citada a fonte.
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