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terça-feira, 15 de abril de 2008

A EaD e a globalização (Zelinda Barros)

ERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL/SENAC

O processo de globalização, cujo apogeu tem sido vivido nos dias atuais, traz consigo as contradições inerentes ao movimento de expansão do domínio territorial e econômico – desde a sua origem - e cultural, ainda mais acentuado atualmente. Neste contexto, a abolição ou diminuição das distâncias, ambicionada pelo incremento das tecnologias da comunicação, não pode se concretizar plenamente num mundo ainda profundamente dividido por profundas desigualdades sociais e interesses políticos e econômicos conflitantes.

O surgimento da modalidade de educação à distância, que, assim como a globalização, não é fenômeno recente, traz consigo as possibilidades de ampliação do número de pessoas a se beneficiarem do conhecimento socialmente produzido, extrapolando fronteiras geográficas e proporcionando acesso à educação a segmentos populacionais que, sem este recurso, seriam alijados neste processo. Contudo, no contexto socioeconômico brasileiro, onde a má distribuição de renda encontra-se associada a fatores como racismo e sexismo e contribui para o aumento do contingente de pessoas socialmente excluídas, torna-se ainda mais difícil a disseminação das novas tecnologias e a democratização do seu acesso.

Além destes fatores, que são diretamente relacionados à realidade brasileira e possuem conexões com fenômenos ocorridos em nível mundial, podemos assinalar a estrutura educacional em si, que limita as possibilidades de ampliação de acesso aos segmentos mais empobrecidos. Tradicionalmente, a educação brasileira tem privilegiado a elite econômica e servido de instrumento para a sua reprodução, sem considerar as contribuições culturais das diversas matrizes civilizatórias que integram o nosso país nem contemplar as possibilidades de construção de uma visão de nação multiétnica, considerando suas implicações socioculturais, econômicas e políticas. Apenas muito recentemente começamos a vislumbrar mudanças significativas na estrutura educacional brasileira. Tais mudanças, sem dúvida, repercutirão no modo como a acesso e a utilização de novas tecnologias poderá ocorrer.

A EAD herda, assim, os mesmos problemas com os quais se depara o ensino presencial, mas justamente pelas possibilidades de pôr em interação pessoas provenientes de distintas realidades sociais, nos lugares mais distantes, pode se tornar uma poderosa ferramenta na busca coletiva de superação dos problemas que afligem a todas(os) nós brasileiras(os). Desta forma, teremos um aspecto positivo da globalização contribuindo para a neutralização do seu próprio veneno.


© 2006 Zelinda Barros. Reprodução permitida, desde que citada a fonte.

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