"Ainda existe um contingente grande de pessoas sem internet, estamos abaixo do nível de acesso de outros países, mas observamos um forte crescimento, especialmente entre os grupos com menor escolaridade e menor renda. Um dos caminhos para esse aumento de acesso foi o das lan houses" - disse Maria Lúcia Vieira, gerente da Pnad, destacando que ainda há diferenças regionais fortes.
Esse maior acesso à internet e ao celular mostra uma maior democratização da informação no país. Melhorias na distribuição de renda contribuíram para aumentar o poder de compra das pessoas, fazendo com a população tivesse mais acesso a esses bens - acrescenta o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, Cimar Azeredo.
Mas o gerente da PME lembra que a inclusão digital é maior em países como Chile, Argentina e Colômbia. "Estamos muito aquém de países que investiram em avanço em escolaridade, como a Coréia, que usou a educação como forma de inclusão digital "- conclui.
Quase um terço dos que não usam a internet dizem não querer fazê-lo
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Durante as entrevistas da pesquisa, os três principais motivos citados para não usar a internet foram: não achar necessário ou não querer (32,8%); não saber utilizar (31,6%) e não ter acesso a um computador (30,0%). No Norte e no Nordeste, a razão mais citada foi não saber utilizar a Internet, 38,7% e 40,1%, respectivamente.
A proporção de pessoas que disseram não acessar a internet porque não tinham acesso a computador (30,0%) reduziu em relação à pesquisa de 2005 (37,2%), bem como a atribuição disso ao custo elevado do computador (9,1% em 2005 e 1,7% em 2008). Já o percentual de pessoas que não usavam a internet porque não achavam necessário ou não queriam foi o que mais aumentou (de 20,9%, em 2005 para 32,8%, em 2008). Cresceu também o percentual de pessoas cujo motivo declarado foi não saber utilizar a Internet (de 20,6%, em 2005 para 31,6%, em 2008).
Alagoas (48,3%), Rondônia (43,5%) e Acre (47,5%) tiveram os maiores percentuais de pessoas que não utilizaram a internet porque não tinham acesso a computador. Já no Rio de Janeiro o principal motivo foi não achar necessário ou não querer (45,1%).
Os que não acessaram a internet porque não achavam necessário ou não queriam e os que não sabiam utilizar a internet apresentavam idades médias mais elevadas (44,1 e 45,2 anos, respectivamente) do que aqueles que alegaram os demais motivos. Os estudantes que não utilizaram a rede apresentaram como principal motivo não ter acesso ao computador (46,9%).
Brasileiro acessa a Internet mais em lanhouses do que no trabalho
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Dos 56 milhões de pessoas que acessaram a internet em 2008, 47,5% o fizeram de mais de um local, sendo que o mais citado foi a própria casa (57,1%) durante a Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad), segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O segundo local de onde mais se teve acesso à internet no Brasil foi o centro público de acesso pago ou lan house (35,2%), que em 2005, ficava em terceiro lugar, atrás do local de trabalho (31,0% em 2008). No Norte e Nordeste, o centro público de acesso pago foi o local de onde mais as pessoas acessaram a Internet (56,3% e 52,9%, respectivamente).
Das pessoas que tiveram acesso somente em um local (52,5% do total), 45,9% o fizeram do domicílio em que moravam; 29,5% de um centro público de acesso pago; 12,1% do local de trabalho; 4,8% do estabelecimento de ensino; 0,8% de um centro público de acesso gratuito e 6,9% de outro local.
Dos que acessaram a internet de casa em 2008, 80,3% o fizeram somente através de banda larga; 18,0% unicamente por conexão discada e 1,7% através das duas formas. Em relação a 2005, o aumento da conexão por banda larga foi bastante expressivo: naquele ano o percentual havia sido de 41,2%.
Proporção de estudantes que usam internet aumenta para mais de 60%
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A proporção de estudantes que utilizam a internet cresceu de 35,7% para 60,7% de 2005 para 2008, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad) divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os que não estudam também houve aumento, porém menor (de 15,9% para 26,6%), o que tem a ver com a faixa etária das duas populações, segundo a pesquisa.
As pessoas ocupadas também tiveram maior acesso (36%) que as não ocupadas (33,2%) em 2008, mas a diferença entre os dois grupos era menor. De acordo com o IBGE, isso mostra que o acesso à internet estava mais relacionado à condição de estudante do que com a situação na ocupação.
Apesar disso, a comunicação com outras pessoas foi o motivo mais citado durante as entrevistas para utilização da internet (83,2% dos usuários) em 2008, superando os fins educacionais e de aprendizado (65,9%), que eram a principal razão dos acessos em 2005 (71,7% naquele ano).
O acesso para atividades de lazer também ganhou importância nos últimos anos: em 2005, era o terceiro motivo mais citado (54,3% dos que acessavam) e, três anos depois, passou ao segundo lugar, citado por 68,6% dos usuários.