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quarta-feira, 12 de março de 2008

Ambientes Vituais em EaD (Zelinda Barros)

A criação de ambientes virtuais de aprendizagem, de acordo com Maciel(2006), deve ser precedida pela concepção de um projeto pedagógico em que fique explícita a orientação teórico-metodológica a ele subjacente. A negligência neste procedimento por parte de quem propõe uma intervenção educativa que utiliza a EaD como modalidade principal, tenderia a privilegiar aspectos tecnológicos em detrimento de aspectos pedagógicos importantes para o desenvolvimento de uma ação desta natureza. Desta forma, o aspecto “novo” da ação educativa nesta modalidade seria assegurado apenas superficialmente, já que seriam utilizadas novas tecnologias para a reprodução de práticas pedagógicas ultrapassadas.

Maciel(idem) revela sua orientação teórico-pedagógica ao destacar os componentes do modelo por ela adotado, construído a partir de abordagens crítico-reprodutivistas, construtivistas e sociointeracionistas, e influenciado pela epistemologia da complexidade e pelo paradigma rizomático. Deles, podemos deduzir uma idéia de sujeito do conhecimento diferente da existente nos modelos educacionais tradicionais, pois é enfatizado seu caráter ativo, crítico, reflexivo, deliberativo, ético e autônomo. A construção do conhecimento, em vez de verticalizada e monodirecional, é multireferenciada, abrindo a possibilidade para a inter e a transdisciplinaridade.

Para pôr em prática este modelo de aprendizagem, é necessária a construção de ambientes de aprendizagem que sejam pautados por uma forma de comunicação que rompa a distância existente na modalidade de educação à distância. Neles, deverá ser privilegiada uma interação efetiva entre os atores que deles fazem parte, caracterizada por uma troca de saberes que permite um aprendizado coletivo.

A mera criação de um ambiente virtual de aprendizagem, no entanto, não garantirá a quebra da distância pois o ambiente é apenas um instrumento, sendo necessária a abertura dos sujeitos a esta nova forma de interação, o que implica no desenvolvimento de formas diferenciadas de expressão e de escuta, além de, acrescento eu, maturidade dos sujeitos envolvidos para o enfrentamento dos potenciais conflitos oriundos desta interação.

De nada adianta a existência de um ambiente que nos permita o contato com novos recursos tecnológicos quando os sujeitos envolvidos não entendem o diferencial representado por esta nova forma de comunicação, que requer uma postura crítica e, sobretudo, uma autocrítica constantes em direção à construção de um conhecimento coletivo. Como afirma Maciel A crítica e a autocrítica derivadas das sínteses teórico-práticas realizadas durante o processo precisam gerar intervenções e novos processos educativos.” (op. cit., p. 10) Sendo assim, é preciso que haja o entendimento de que no processo de construção coletiva não podemos nos deparar a todo o tempo com a convergência. O desafio é construirmos um conhecimento comum a partir da negociação de pontos de vista distintos.

Por fim, destaco que o maior desafio na construção de um ambiente virtual de aprendizagem, como da EaD como um todo, é fazer com que ele contribua para o rompimento não das distâncias físicas, pois a própria dinâmica da EaD nos mostra que esta não é indispensável para o estabelecimento de uma comunicação eficaz, mas o rompimento das amarras comunicativas dos sujeitos que nele estejam inseridos pois, sem a abertura necessária à construção de um conhecimento coletivo, sem a disponibilidade para trocar experiências e negociar pontos de vista, nem mesmo um dispositivo poderoso como um ambiente virtual de aprendizagem poderá dar conta do surgimento de uma inteligência genuinamente coletiva.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MACIEL, Ira. "Educação a Distância. Ambiente Virtual: Construindo Significados". In: Caderno de Textos do Curso de Especialização à Distância do SENAC. Tutoria Online. Unidade III. SENAC: 2006, 13 p.


© 2008 Zelinda Barros. Reprodução permitida, desde que citada a fonte.

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