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quinta-feira, 27 de março de 2008

Congresso Internacional de EaD - SP

(Clique no cartaz para ampliar)

quarta-feira, 19 de março de 2008

Palestra “Panorama da Distribuição de Mídias Digitais” - SP

Confira gratuitamente a palestra “Panorama da Distribuição de Mídias Digitais”, dia 27 de março, às 10:00h.

A palestra irá traçar a evolução das principais tecnologias para a distribuição e transmissão de conteúdo midiático através da internet e redes de computadores e o que podemos esperar para o futuro próximo do entretenimento digital.

Palestrante: Frederick Montero - Produtor, diretor e editor de vídeos, com especialidade em vídeos para a internet, Frederick Montero é formado em Filosofia pela Unicamp, além de em diversos cursos na área de cinema e televisão. Premiado no Pulga – I Festival Permanente de Curtas na Internet, com o vídeo Supermegalooping, em 2001.

Local: Auditório do Centro de Computação (CCUEC) da Unicamp que fica situado na rua Saturnino de Brito, 45 - Cidade Universitária Zeferino Vaz Barão Geraldo - Campinas - São Paulo.

Mapa de acesso em:
http://www.ccuec.unicamp.br/institucional/imagens/mapa1.jpg

Faça sua inscrição gratuitamente por meio do endereço:
http://www.ccuec.unicamp.br/treinamentos/index_html?foco2=Palestras/78239/145541&focomenu=Palestras

Organização: Grupo de apoio em EAD da UNICAMP.
A palestra não será transmitida pela Web.
Mais informações e perguntas pelo e-mail: renataf@ccuec.unicamp.br

terça-feira, 18 de março de 2008

A EaD e as dificuldades de acesso (Zelinda Barros)

A proposta de introdução de novas tecnologias de informação e comunicação na educação exige um repensar do processo educativo como um todo, sob pena de apenas realizarmos uma mudança superficial. Isto porque, como toda tecnologia, a TIC “...não permite somente o agir sobre a natureza, mas é, principalmente, uma forma de pensar sobre ela.” (LEITE, 2006, p. 13) Assim, a introdução das tecnologias de informação e comunicação na educação, além de diretamente relacionada ao modelo educacional adotado, está intimamente ligada a algumas questões: o desenvolvimento de competências para a resolução de problemas que afetam a existência do grupo, a dificuldade de incorporar novos saberes e a necessária organização do processo educativo de maneira a fazer com que o aluno sinta-se parte ativa neste processo.

Com relação à importância da educação como um meio do desenvolvimento de competências, esta vai além do aspecto imediato, pois as questões abarcadas pelo processo educativo, apesar de referidas ao cotidiano das pessoas, também dizem respeito à sobrevivência dos seres humanos como espécie. A educação assegura o aprendizado de mecanismos adaptativos que garantem não apenas a nossa sobrevivência material como também cultural num sentido mais amplo. Por isso que os animais, mesmo dotados de mecanismos básicos de autodefesa, não conseguem transcender as limitações dadas pelo instinto. Entre os seres humanos, no entanto, a força do costume pode afetar o desenvolvimento da educação na medida em que o apego às tradições impede a percepção dos elementos que devem ser renovados. Neste sentido, as autoridades constituídas (governantes, religiosos, pais, professores etc.), podem representar obstáculos à superação de práticas que não mais condizem com o ritmo de desenvolvimento social, na medida em que adotam posturas conservadoras em relação a novas idéias e métodos educativos. É ao que Nóvoa (apud LEITE & NEVES, 2006) refere-se como efeito de rigidez.

Numa proposta pedagógica que proponha uma ruptura com os modelos tradicionais de ensino, o cumprimento da missão educativa do professor vai além da mera transmissão dos conteúdos, pois necessita da participação ativa dos estudantes e do uso adequado dos recursos didáticos. O processo educativo contemporâneo deve valorizar não apenas a interação entre professor e estudantes, mas uma interação com sentido para ambos, pois os conteúdos trabalhados precisam ser articulados à realidade vivida pelos participantes, que se sentem, todos, partes ativas no processo (CORRÊA, 2006). Contudo, não podemos perder de vista que as desigualdades de acesso aos recursos existentes também podem limitar as possibilidades de renovação das práticas educativas. Podemos citar como um exemplo desta limitação a situação de exclusão digital em que atualmente vivemos no Brasil, onde menos de 10% da população tem acesso à Internet (IBGE, PNAD, 2005). Se pensarmos nas possibilidades criadas por esta nova tecnologia, podemos perceber que esta situação impede o domínio de habilidades que são de extrema importância na sociedade em que vivemos.

O advento das novas tecnologias de informação e comunicação trouxe para a educação novas possibilidades na medida em que permitiu a transposição de barreiras geográficas e interconectou espaços antes nunca estimados. Atualmente, é possível aliar novas tecnologias às práticas educativas e ampliar o acesso de segmentos diversificados e até então excluídos ao conhecimento, como moradores de locais de difícil acesso ou localizados em áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos.

As possibilidades trazidas pelas novas tecnologias, no entanto, trazem consigo dificuldades que precisam ser superadas, sob pena de ameaçar a ampliação do acesso à educação. O pequeno número de pessoas que têm familiaridade com tecnologias como a Internet, aliado ao custo ainda elevado de aquisição de equipamentos como computadores, impede o acesso de um maior número de potenciais beneficiários de modalidades de educação como EaD, que atualmente tem nestes recursos aliados fundamentais. Além disso, os agentes responsáveis pela mediação dos processos educativos, os professores, ainda não criaram uma cultura didática que incorpore recursos menos tradicionais.

Concluindo, percebo que o potencial criativo implícito nas novas tecnologias de informação e comunicação ainda não foi minimamente explorado por um segmento populacional expressivo devido às dificuldades socioeconômicas e de formação educacional, o que faz com que o que é vivido como realidade por uns seja apenas virtualidade para outros. Assim, um dos grandes desafios a serem superados no processo de renovação educacional a partir da introdução de novas tecnologias de informação e comunicação é o acesso desigual às novas formas de educar.



Referências Bibliográficas:

CORRÊA, Juliane. “Mídias e tecnologias da informação na educação”. In: SENAC. Curso de Especialização em Educação à Distância - Unidade II. Rio de Janeiro: SENAC, 2006. p. 30-34.

IBGE. “Acesso à Internet e posse de telefone móvel celular para uso pessoal”. In: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - 2005. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/acessoainternet/default.shtm

LEITE, Márcia. “Tecnologia e educação”. In: SENAC. Curso de Especialização em Educação à Distância - Unidade II. Rio de Janeiro: SENAC, Rio de Janeiro: SENAC, 2006.

LEITE, Márcia, NEVES, Maria Cristina Baeta. “Usos e funções das mídias e das tecnologias da informação na educação”. In: SENAC. Curso de Especialização em Educação à Distância - Unidade II. Rio de Janeiro: SENAC, 2006. p. 35-83.


© 2008 Zelinda Barros. Reprodução permitida, desde que citada a fonte.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Aprendizagem e interatividade (Zelinda Barros)

O processo de aprendizagem necessita da interação entre os diversos atores envolvidos. Além do planejamento das estratégias a serem utilizadas para o alcance de determinados objetivos, preconizado pelas teorias comportamentais, é necessário entender a motivação para a ação não apenas como algo determinado pelo resultado pretendido, mas também como efeito da interveniência de fatores internos, de cunho subjetivo, e de fatores socioeconômicos. A interatividade, crucial para o processo de aprendizagem, não é apenas aquela proporcionada pelo uso de máquinas como o computador ou recursos didáticos como livros e outros. É imprescindível a interação com quem detém o privilégio da capacidade de agir: o ser humano.
A importância do humano no processo de aprendizagem vai além da programação do ensino utilizando como suporte materiais que estimulem o auto-aprendizado. Para a passagem de um nível a outro, é preciso não apenas o reforço advindo do êxito obtido na resposta dada ao desafio inicial, mas também o feedback do professor, que partilha a humanidade com o aluno e que, como ele, também necessita de reforços de caráter afetivo.
O modelo de ensino preconizado por Skinner, por exemplo, enfatiza as idéias de condicionamento, modelagem comportamental, reforço. Neste modelo, a ação depende em demasia de estímulos externos e tende a, mesmo prevendo a reelaboração do comportamento pelo sujeito, maximizar a importância do controle sobre o processo de aprendizado. A iniciativa parte de um processo que é uma via de mão única: não é a interação eu/outro em si (condicionada pelo meio em que ocorre) que produz um determinado comportamento, mas uma determinada ação, partindo de alguém que provoca uma resposta que pode até mesmo resultar num comportamento modificado. Em se tratando de comportamento humano, esta previsibilidade não necessariamente ocorrerá, por melhores calculadas que sejam as alterações no ambiente.
A interação como o tutor consistiria uma espécie de reforço positivo ao processo de aprendizagem. Como existe a distância física e o estudo realizado na maior parte do tempo isoladamente suscita muitas dúvidas, na medida em que o tutor coloca-se à disposição do aluno para dirimir dúvidas e estimular novos questionamentos, instiga o aluno a fazer novas pesquisas e o aprendizado torna-se mais prazeroso, fazendo com que o papel do controle aversivo (punição) diminua em importância ou perca a razão de existir. Mesmo tendo o feedback do tutor como um reforço positivo, podemos inferir que é dada maior ênfase aos aspectos cognitivos no processo de aprendizagem. O sucesso de determinada ação educativa não prescinde da consideração de facilitadores como a compreensão e o respeito às diferenças culturais, de gênero e outras.
O ser humano é um ser relacional e afetivo e, como tal, dificilmente poderá prescindir da afetividade no processo de construção do conhecimento. Como uma modalidade que requer do aluno maior autonomia e à(ao) professora(r) não convém adotar a postura tradicional de mera(o) transmissora(r) de conhecimento, na EaD também é importante saber que não estamos "soltos", sem a possibilidade de interação e troca com outra(s) pessoa(s).
O papel da(o) professora(r), neste contexto, é balizar o processo de construção do conhecimento de forma tal que também ela(e) se veja estimulada(o) a crescer e mantenha-se aberta(o) ao conhecimento oriundo dos discentes, promovendo uma troca. Também na EaD esta postura é requerida. Apesar do suposto distanciamento existente nesta modalidade de ensino, também nela é possível desenvolver um processo em que a proximidade assuma novas formas, agora mediada por novas tecnologias.
Dada a necessidade do outro ser humano no processo de aprendizado, uma característica que seria preponderante na EaD, a possibilidade de aprendizado indepedente é, a meu ver, super-valorizada. Nem mesmo na EaD é possível ser auto-didata. É possível ter uma autonomia maior, mas auto-didata não é possível ser. O conhecimento, por sua própria natureza, é coletivo, não sendo possível construir conhecimento sem interação ou a partir de si própria(o). Quando interajo, me abro à influência do outro e sou afetado por suas idéias, ainda que seja para me contrapor a elas. Ao mesmo tempo, ainda que não interaja hoje com alguém, recebo influências d@s que me antecederam.
Sendo a construção do conhecimento um processo coletivo, a mediação pode ser realizada por tutor/a e alunos/as a partir da troca que se estabelece entre ambos. No entanto, assim como a independência aluno deve ser relativizada, também deverá ser a similaridade entre o papel desempenhado pelos diferentes atores no processo de aprendizado. Em se tratando do desenvolvimento de um determinado conjunto de competências, a tarefa do tutor se diferencia, pois ele vai balizar este processo. Com isto, ele adquire preeminência sobre o aluno.

© 2008 Zelinda Barros. Reprodução permitida, desde que citada a fonte.

Ambientes Vituais em EaD (Zelinda Barros)

A criação de ambientes virtuais de aprendizagem, de acordo com Maciel(2006), deve ser precedida pela concepção de um projeto pedagógico em que fique explícita a orientação teórico-metodológica a ele subjacente. A negligência neste procedimento por parte de quem propõe uma intervenção educativa que utiliza a EaD como modalidade principal, tenderia a privilegiar aspectos tecnológicos em detrimento de aspectos pedagógicos importantes para o desenvolvimento de uma ação desta natureza. Desta forma, o aspecto “novo” da ação educativa nesta modalidade seria assegurado apenas superficialmente, já que seriam utilizadas novas tecnologias para a reprodução de práticas pedagógicas ultrapassadas.

Maciel(idem) revela sua orientação teórico-pedagógica ao destacar os componentes do modelo por ela adotado, construído a partir de abordagens crítico-reprodutivistas, construtivistas e sociointeracionistas, e influenciado pela epistemologia da complexidade e pelo paradigma rizomático. Deles, podemos deduzir uma idéia de sujeito do conhecimento diferente da existente nos modelos educacionais tradicionais, pois é enfatizado seu caráter ativo, crítico, reflexivo, deliberativo, ético e autônomo. A construção do conhecimento, em vez de verticalizada e monodirecional, é multireferenciada, abrindo a possibilidade para a inter e a transdisciplinaridade.

Para pôr em prática este modelo de aprendizagem, é necessária a construção de ambientes de aprendizagem que sejam pautados por uma forma de comunicação que rompa a distância existente na modalidade de educação à distância. Neles, deverá ser privilegiada uma interação efetiva entre os atores que deles fazem parte, caracterizada por uma troca de saberes que permite um aprendizado coletivo.

A mera criação de um ambiente virtual de aprendizagem, no entanto, não garantirá a quebra da distância pois o ambiente é apenas um instrumento, sendo necessária a abertura dos sujeitos a esta nova forma de interação, o que implica no desenvolvimento de formas diferenciadas de expressão e de escuta, além de, acrescento eu, maturidade dos sujeitos envolvidos para o enfrentamento dos potenciais conflitos oriundos desta interação.

De nada adianta a existência de um ambiente que nos permita o contato com novos recursos tecnológicos quando os sujeitos envolvidos não entendem o diferencial representado por esta nova forma de comunicação, que requer uma postura crítica e, sobretudo, uma autocrítica constantes em direção à construção de um conhecimento coletivo. Como afirma Maciel A crítica e a autocrítica derivadas das sínteses teórico-práticas realizadas durante o processo precisam gerar intervenções e novos processos educativos.” (op. cit., p. 10) Sendo assim, é preciso que haja o entendimento de que no processo de construção coletiva não podemos nos deparar a todo o tempo com a convergência. O desafio é construirmos um conhecimento comum a partir da negociação de pontos de vista distintos.

Por fim, destaco que o maior desafio na construção de um ambiente virtual de aprendizagem, como da EaD como um todo, é fazer com que ele contribua para o rompimento não das distâncias físicas, pois a própria dinâmica da EaD nos mostra que esta não é indispensável para o estabelecimento de uma comunicação eficaz, mas o rompimento das amarras comunicativas dos sujeitos que nele estejam inseridos pois, sem a abertura necessária à construção de um conhecimento coletivo, sem a disponibilidade para trocar experiências e negociar pontos de vista, nem mesmo um dispositivo poderoso como um ambiente virtual de aprendizagem poderá dar conta do surgimento de uma inteligência genuinamente coletiva.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MACIEL, Ira. "Educação a Distância. Ambiente Virtual: Construindo Significados". In: Caderno de Textos do Curso de Especialização à Distância do SENAC. Tutoria Online. Unidade III. SENAC: 2006, 13 p.


© 2008 Zelinda Barros. Reprodução permitida, desde que citada a fonte.
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